HISTÓRIA - OS MIAUS E AS DÁFNIAS!

Os Miaus e as Dáfnias!

Lucas saía da sua casa numa manhã chuvosa de Inverno. O jardim estava húmido e não convidava a grandes aventuras. Resolveu esconder-se atrás de umas enormes giestas, aninhou-se e adormeceu num sono profundo.
Enquanto dormia o jardim ganhou vida, como de costume, as pedras sorriam, as flores atiravam polén umas para as outras, as rosas emanavam um cheirinho tão bom, e, a sua amiga Liana procurava a sua bola preferida, vermelha e ruidosa.
Lucas sem saber o que o esperava acordou de sobressalto pelas giestas que o arranhavam avisando-o do que estava a acontecer. Lucas, com um olho aberto e outro fechado, correu em socorro da sua amiga, que por distração caiu dentro de um charco. Herói só como ele sabe ser, não se lembrou que os gatos não gostam de água, atirou-se com dois saltos mortais para dentro de água, gritando:
- Liana, coisa fofa, vou-te salvar! Não tenhas medo que eu fiz um curso de 1º socorros, sou marinheiro e de água doce! – E pimba,… fechou os olhos e  mergulhou. Agarrou Liana pelo cachaço e com as suas patas frias e corpo escorridinho, que nem um pinto, saltou para terra e boca a boca, reanimou-a. Ao voltar a si, Liana, vaidosa e agradecida, ronronou em sinal de agradecimento.
Furiosa com a sua condição, começou uma lavagem como só os gatos sabem fazer, lambidela aqui, lambidela ali, lambidela acolá… ouviu uns ruidinhos agudos e baixinhos.
- Lucas, Lucas…tenho água dentro da minha orelha, ora lambe aqui… estou a ouvir coisas!!! – disse Liana em desespero.
Lucas como bom amigo, fez-lhe a vontade e agarragados à sua língua vieram uns seres estranhos e mexilhões que pareciam vir de um outro planeta.
- Que porcaria é que eu tenho na minha língua? Ainda por cima parece que estão a reclamar, não param de chiar!!! – disse Lucas muito apreensivo, cuspindo-as.
As criaturas voaram e foram apanhadas por uma corola de rosas vermelhas que ali estavam a assistir ao acidente. Gritaram em coro o mais que puderam para se fazerem ouvir:
- Somos nós, as dáfniasssss!!! Pareces a professora Sílvia, por pouco víamos a luz no fundo do túnel!!!
Lucas e Liana incrédulos observavam espantados com os seus lindos olhos azuis arregalados.
- Quem são vocês? De onde são? Como vieram aqui parar? – dizia Liana.
- Nós somos dáfnias, do charco mágico de “Aqui há humidade!”, viemos agarradas às tuas orelhas porque caíste em cima da nossa casa. Agora já não temos onde ficar… - choraram inconsoláveis as pequenas criaturas.
- Precisamos de água, de algas Chlorellas Vulgaris e de algumas bactérias para a sobremesa. Gostávamos tanto do nosso charco, tão calminho e cheio de coisas boas para filtrar! – disseram elas quase a implorar.
Lucas como valente herói e amigo de todos, lembrou-se que o jardim poderia ser uma grande ajuda. Solicitou às suas hóspedes, as pulgas que invadissem todos os cantos do jardim e procurassem um charco bem bom para as suas novas amigas.
Atentas à situação atenderam ao seu pedido com a condição de mais 6 meses sem arrendamento, pois os tempos estavam maus e ter casa sem pagar é um luxo. Lucas aceitou e elas partiram à descoberta.
Lucas e Liana enquanto as pulgas procuravam incessantemente uma nova casa para as dáfnias, pediram às rosas a água fresca da chuva que lhes tinha caído nas corolas. Amigos, como todos devem ser, juntaram-se umas às outras e foram gota a gota satisfazendo as suas novas amigas. 
Enquanto o tempo passava partilharam as maravilhas que faziam dentro do charco e explicaram ao Lucas e Liana a maravilha que é a sua reprodução.
- Os machos podem ajudar as fêmeas a termos as nossas dafniazinhas, mas quando por qualquer motivo ficamos sozinhas, rapidamente nos reproduzimos com uns ovinhos que guardamos na nossa câmara incubadora… - contaram elas muito entusiasmadas.
Lucas e Liana fascinados sabiam que com a sua espécie não era assim tão fácil. E numa partilha emocionada contaram que estavam a pensar procriar na próxima lua cheia.
As pulguinhas entretanto chegaram. Com o mapa do charco e felizes contaram a sua descoberta.
- Amigas dáfnias, encontramos-vos um T0 para cada uma! Bem perto daqui do jardim, assim poderemos ir visitar-vos.
- OH! Que alegria, vamos procriar imenso! Assim rapidamente limpamos a água porque nós somos muito limpinhas e filtramos tudo!
Montaram-se no pêlo ainda húmido dos bichanos, seguiram o mapa e instalaram-nas nas suas novas casas.
Lucas, Liana, as pulguinhas e as rosas sentiram-se muito bem por terem ajudado mais uns amigos.



AUTORAS : Mª DA CONCEIÇÃO JESUS E PATRÍCIA GUERRA FIGUEIREDO.                 23/11/2011